sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Lixo Hospitalar: Incineração, poluição ou efetividade?

Seringas contaminadas por sangue, gases utilizadas em curativos, restos de tecidos/órgãos, fluidos orgânicos, sondas, medicamentos vencidos, lençóis, sobras de alimentos, papeis sanitários e fraldas, copos descartáveis, ampolas, bisturis, bolsas de coleta, insumos radioativos, hemoderivados e culturas laboratoriais são alguns dos materiais encontrados no LIXO HOSPITALAR. Mas como descartar estes compostos, se os mesmos podem causar grandes prejuízos ao meio ambiente e ao ser humano??? 
Seguir a legislação vigente é um bom começo para o caminho certo. A ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, aprovou em 07 de dezembro de 2004 a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 306, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, considerando os princípios da biossegurança de empregar medidas técnicas, administrativas e normativas para prevenir acidentes, preservando a saúde pública e o meio ambiente.
Tal resolução classifica os resíduos em 05 grandes grupos nomeados de A a E:
Grupo A (potencialmente infectantes): todos os resíduos que tenham presença de agentes biológicos que apresentam risco de infecção, como bolsas de sangue, vísceras, fluidos orgânicos com suspeita de contaminação com proteína priônica. Subdividem-se de A1 a A7.
A1 - Culturas e estoques de agentes infecciosos de laboratórios industriais e de pesquisa; resíduos de fabricação de produtos biológicos;
A2 - Bolsas contendo sangue ou hemocomponentes vencidas, contaminadas, com volume superior a 50 ml; kits de aférese;
A3 - Peças anatômicas e produto de fecundação com peso menor que 500g ou estatura menor que 25 cm;
A4 - Carcaças, peças anatômicas e vísceras de animais de estabelecimentos de tratamento de saúde animal, de universidades, de centros de experimentação;
A5 - Resíduos provenientes de pacientes suspeitos de ou que contenham agentes de risco classe IV ou relevância epidemiológica ou risco de disseminação;
A6 - Kits de linhas arteriais e venosas e dialisadores descartados e filtros de ar e gases oriundos de áreas críticas;
A7 - órgãos, tecidos e fluidos orgânicos com suspeita de contaminação com proteína priônica e resíduos sólidos resultantes da atenção à saúde de indivíduos com suspeita de contaminação com proteína priônica;
Grupo B (químicos): resíduos que contenham substâncias químicas capazes de causar risco à saúde e/ou ao meio ambiente, independente de suas características inflamáveis, reativas, tóxicas e corrosivas. Por exemplo: medicamentos para tratamento de câncer, reagentes para laboratório e substâncias para revelação de filmes de Raio-X;
Grupo C (rejeitos radioativos): resíduos que apresentem radioatividade acima dos padrões e não possam ser reaproveitáves, como exames de medicina nuclear.
Grupo D (resíduos comuns): resíduos não contaminados ou que não acarretem risco de acidentes, como alimentos, copos descartáveis, papel.
Grupo E (Perfurocortantes): resíduos que possam cortar ou perfurar, como bisturis, agulhas, ampolas.
É importante salientar, que determinados resíduos apresentam mais de uma característica enquadrando-se em diversos grupos, mas sua característica mais prevalente irá proporcionar a classificação mais adequada.
De acordo com a sua classificação, a resolução prevê a sua destinação:
Grupo A
Tratamento específico para transformar em resíduo comum, de acordo com a classificação A1 a A7.
A1
Tratamento prévio na unidade geradora
A2
Acondicionamento em saco branco leitoso e aterro sanitário
A3
Enterramento ou saco branco leitoso e aterro sanitário
A4
Enterramento ou saco branco leitosoe aterro sanitário
A5
Autoclavação na unidade geradora e incineração. Manuseio com EPI para classe Risco IV
A6
Acondicionamento em saco branco leitoso,e disposição em aterro sanitário
A7
Incineração e acondicionamento em saco branco leitoso.
Grupo B
Devolver ao fabricante ou importador
Grupo C
Rregulamentação específica da Comissão Nacional de Energia Nuclear, cabendo ao hospital realizar o procedimento e a destinação final de acordo com essa especificação.
Grupo D
Acondicionamento em saco plástico preto e deposição em aterro sanitário.
Grupo E
Acondicionado no local de geração e recipientes rígidos, e deposição em aterro sanitário.

Um dos tratamentos para destinação final destes resíduos consiste na incineração, que apresenta seus pontos positivos e negativos, gerando muitas polêmicas acerca deste procedimento, mas os sistemas de tratamento térmico por incineração devem obedecer ao estabelecido na Resolução CONAMA nº. 316/2002.
A incineração é a queima dos compostos orgânicos a elevadas temperaturas entre 850º C a 1.200ºC, que resulta em cinzas, vapor d’água, gás carbônico (dióxido de carbono), e outras substâncias poluentes e tóxicas.
Um dos pontos positivos, é que após a queima o lixo reduz cerca de 70% do seu volume inicial. Outro fator representa uma forma segura de eliminar substâncias potencialmente perigosas, que vão desde medicamentos vencidos até material contaminado, pois a incineração desnatura proteínas e ácidos nucleicos de agentes patogênicos pelo calor.
O grande problema consiste nos poluentes emitidos pela queima, que produz dióxido de carbono, que é produzido em toda combustão completa de materiais orgânicos (relacionado ao efeito estufa, como dito na postagem anterior), dióxido de enxofre (SO2) e dióxido de nitrogênio (NO2), que contribuem para a formação de chuvas ácidas. Também são gerados os polímeros, tais como o PVC (policloreto de vinila) e os poliacrilatos, geram respectivamente HCl e HCN.
Sem dúvidas o maior poluente são as dioxinas, um grupo de compostos organoclorados que são bioacumulativos e tóxicos, resultantes da incineração do PVC, muito presente em artigos hospitalares. O mais perigoso é o 2,3,7,8-TCDD (2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina):

Figura 1. Estrutura da principal dioxina: TCDD
Outro fato bastante preocupante relaciona-se ao risco que os profissionais envolvidos no processo de incineração estão submetidos, sendo indispensável a uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), infraestrutura adequada aos processos e conhecimento técnico-científico para manuseio destes resíduos.
Apesar de todos os perigos envolvidos, a incineração de resíduos hospitalares, representa atualmente a forma mais adequada de minimizar riscos hospitalares, principalmente com o advento dos filtradores dos complexos poluentes, proporcionando uma transformação da poluição em energia ou algo mais útil e proveitoso.
Ainda sim, a grande barreira a ser vencida é bem maior que algo físico, é algo financeiro, pois a instalação e manutenção de incineradores demandam grandes recursos financeiros que muitas vezes nem a entidade pública nem a privada quem investir. Outro fator está relacionado à educação continuada, pois os profissionais de saúde em todos os níveis devem estar capacitados sobre a correta segregação dos resíduos sólidos.

Afinal de que adianta um destino adequado ao resíduo incorreto ??

"Promover saúde é desde um sorriso até jogar uma embalagem de bombom no lixo!"

VRANJAC, Alexandre. Resíduos em Serviços de Saúde – O que o controlador de infecção hospitalar precisa saber; Centro de Vigilância Epidemiológica. 2004 
Substâncias tóxicas formadas na incineração do lixo. Disponível em http://www.mundoeducacao.com/quimica/substancias-toxicas-formadas-na-incineracao-lixo.htm Acesso em 24 Out 2014.
Anvisa estabelece regras para descarte de lixo hospitalar. Disponível em http://www.hospitalar.com/arquivo_not/not1019.html Acesso em 24 Out 2014.

Descarte de resíduos e lixos hospitalares. Disponível em http://www.dinamicambiental.com.br/blog/lixo-hospitalar/descarte-de-residuos-e-lixos-hospitalares/ Acesso em 24 Out 2014

7 comentários:

  1. O descarte indevido e irresponsável de lixo hospitalar pode ser grande perigo, potencialmente causador de tragédias.
    Com exemplo temos o acidente ocorrido em Goiânia com o isótopo radioativo Césio 137. O apropriado descarte não foi feito e catadores encontraram o material que é usado para radioterapias e se contaminaram, gerando, inclusive, vítimas fatais.
    Outros materiais potencialmente perigosos também são encontrados em lixo hospitalar. Eles podem ser cortante e perfurantes como agulhas e bisturis; podem conter resíduos orgânicos contaminados como sangue e restos de cirurgia. Ou ainda rejeitos tóxicos ou corrosivos.
    O armazenamento adequado desse refugo de hospitais é, portanto, essencial para que a prática de saúde continue fora do ambiente clínico-cirúrgico. Dessa forma, a incineração é a forma mais adequada, e se, acompanhada de filtros para diminuição de produtos gasosos prejudiciais é ainda melhor. O problema é o elevado preço, mas nada que a criatividade (e vontade, se houver) humana não possa melhorar.

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  2. De fato, o lixo hospitalar sempre foi um problema no que se refere à biossegurança social e à sustentabilidade. Seja por conta da presença de materiais contaminados, infectados ou radioativos, bem como pelo gerenciamento não ecológico desses materiais, como a incineração.
    O fato é que o lixo, mais uma vez, é posto à margem dos processos e demandas sociais, quando na verdade, pode ser um determinante de saúde de grande relevância, influenciando no bem estar das populações, assim como na sua integridade social.
    Se existem formas seguras de se descartar o lixo hospitalar?
    Várias são as possibilidades, mas todas demandam gastos e possuem protocolos de funcionamento mais complexos, o que é tido como negativo frente às gerências municipais e estaduais de saúde. Mas por que não uma autoclave?
    Pelotas, no Rio Grande do Sul, utiliza-se de autoclaves. Os resíduos são recolhidos por caminhões específicos e embalados em sacos brancos leitosos conforme as normas ambientais.
    "O tratamento é feito através de um Autoclave, equipamento que desinfecta os resíduos através de vapor saturado em altas pressões e vácuo, tornando-os inertes. Este processo transforma o resíduo infectado em resíduo comum, podendo ser direcionado para os aterros sanitários, junto com os demais resíduos.
    A operação é absolutamente limpa e sem risco de contaminação ambiental, sendo menos onerosa do que outros processos de tratamento existentes, como a incineração por exemplo.
    O ciclo completo de tratamento da máquina é em torno de 35 a 40 minutos.
    Junto ao Autoclave foi instalado um desintegrador de resíduos, para que os mesmos possam ser descaracterizados e ter o seu volume reduzido ao serem dispostos no aterro sanitário.
    Em Pelotas são recolhidos e tratados 35 toneladas por mês de lixo hospitalar."
    Como falado, o material é recolhido em segurança, suprindo a demanda em saúde e sustentabilidade, e portanto, fortalecendo a saúde pública. No entanto, não favorável ao armazenamento de lixo radioativo provindo dos centros de saúde, e que devem ainda ser conservados em locais reservados, isolados com metais pesados, como o chumbo.
    Quando se trata de saúde pública, é necessário que pensemos em diálogo e que tenhamos um olhar multigerencial, acolhendo o que funciona em outras cidades, outros estados, e possibilitando essa coalizão em saúde.
    Sugiro que você trate sobre lixo eletrônico e a sua influência na saúde, frente ao consumismo desenfreado.

    REFERÊNCIAS

    Disponível em: http://www.hospitalar.com/arquivo_not/not1019.html Acesso em: 27 de out. 2014.
    Autoclave - Lixo Hospitalar. Disponível em: http://www.pelotas.rs.gov.br/sanep/lixo/sistema-de-tratamento/ Acesso em: 27 de out. 2014.

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  3. A capacidade que uma população e seus governantes têm de assimilar o conceito de que o lixo disposto de forma inadequada, sem qualquer forma de tratamento, pode ser uma série ameaça à saúde pública, está diretamente relacionada às soluções que esta população adota como tratamento final para o seu lixo. A problemática do lixo hospitalar remete diretamente às questões de Saúde Pública e Saneamento Básico. Isto torna evidente a necessidade de apresentação de alternativas para o gerenciamento de tais resíduos, a fim de proteger a qualidade de vida. Neste contexto, o conhecimento das características físicas, químicas e biológicas deste tipo de lixo, assim como de suas tendências futuras, está associado de modo direto ao bom funcionamento do modelo de gerenciamento a ser implantado, especialmente no que se refere ao seu acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final.

    Fonte: ANDRANDE, Ladislau; SCHALC, Valdir. Alternativas para o gerenciamento do lixo hospitalar no Brasil. EESC/Universidade de São Paulo – USP.

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  4. Cerca de 40% das cidades do Brasil não destinam corretamente o lixo hospitalar. Não fazer a correta coleta seletiva desses materiais pode acarretar na contaminação de doenças dos catadores de lixo, bem como o não reaproveitamento de outros resíduos devido ao contato, além de poluir o meio ambiente. De acordo com as regras sanitárias, o lixo hospitalar deve passar por uma rigorosa coleta seletiva, dividindo o lixo em classes.

    Há a separação de resíduos infectantes como seringas, agulhas e outros hemoderivados; materiais radioativos e os produzidos nas residências. A coleta seletiva do lixo hospitalar deve ser feita pelo próprio hospital, considerando alto grau de risco diante a sua exposição.

    Devida à extrema importância que a coleta seletiva exerce sobre o lixo hospitalar, o governo criou o Sistema Nacional de Informações sobre Gestão dos Resíduos Sólidos. A plataforma reúne informações sobre o lixo hospitalar produzido no país, como a destinação monitorada e fiscalizada. Entretanto, materiais hospitalares também estão presentes nas residências, por isso a importância de se atentar quanto a essa específica coleta seletiva.

    Fonte: http://www.cestosdelixoelixeiras.com.br/coleta-seletiva/307-lixo-hospitalar-requer-rigorosa-e-especifica-coleta-seletiva.html

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  5. Lixo hospitalar, como bem retrata o post, é aquele que resulta da manipulação em hospitais e clinicas, e formado em sua maioria por, seringas, agulhas, luvas, fraudas, sondas, cateter e os demais materiais descartáveis. Esse lixo representa um grande perigo à saúde, uma vez que pode estar contaminado com microrganismos causadores de doenças. Esse lixo deve ser recolhido por empresas especializadas e seu destino deve ser o incinerador onde é queimado. O problema é que a incineração libera gases tóxicos, uma vez que esse lixo pode conter diversos tipos de resinas e outros materiais cuja queima além de liberar CO2, também podem liberar outros gases. O ideal seria fazer como em alguns países nos quais o lixo é levado para a autoclave, na qual é submetido à alta pressão e temperatura, assim todos os microrganismos são mortos, e o lixo pode ir para aterros especiais.

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  6. A problemática do lixo hospitalar é bastante séria, pois esse lixo pode representar um risco para a população quando mal administrado. Exemplo de que esse lixo pode ser devidamente cuidado, caso os hospitais assumam devidamente suas responsabilidades, é o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP). Há 26 funcionários que se revezam em três turnos para recolher e catalogar as dez toneladas de resíduos diárias. Além disso, o Einstein investiu R$ 3 milhões na compra e implantação de duas autoclaves para o tratamento dos seus resíduos contaminantes, para que suas 86 toneladas mensais de resíduos infectantes saiam da instituição como resíduo comum. O plano de sustentabilidade do Einstein prevê também reduzir o número de embalagens (37 toneladas por mês). O hospital já começou a trabalhar com a Johnson & Johnson para mudar a embalagem do fio de sutura, e da mesma forma o projeto piloto deverá estimular os outros 3 mil fornecedores do hospital a tomar iniciativas semelhantes.
    Sabe-se que a maioria dos hospitais não possuem tantos recursos para serem investidos nesse setor, mas é necessário conscientizar-se que a correta administração do lixo hospitalar é um investimento na saúde pública do país. É fundamental a parceria dos hospitais com o governo quanto ao correto destino desse lixo, e também, como foi destacado na postagem, a educação dos profissionais de saúde para a correta separação dos resíduos.
    Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2012/03/o-que-fazer-com-o-lixo.html

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