Inicialmente, tentou-se inserir um conceito prévio sobre o
lixo e quais as suas principais complicações quando acomodado e depositado de
maneira inadequada, ressaltando a contaminação aquífera ocasionada por lixões
clandestinos ou sem condições adequadas.
Mas será que o lixo só produz malefícios? Será que ele pode
beneficiar o meio ambiente de alguma forma? E o ser humano, como colaborar com
esta problemática?
Vamos ver um vídeo acerca dos caminhos que o lixo
domiciliar pode percorrer!
Conforme supracitado pelo vídeo, o lixo domiciliar pode ser
organizado basicamente em lixo orgânico e lixo não orgânico (seco ou
reciclável), e cada um recebe um tratamento e destino diferente de acordo com
as sua propriedades. Além do aterro sanitário ou lixão, o lixo orgânico pode
ser aproveitado de forma benéfica e colaborativa com o meio ambiente, por meio
do processo de compostagem e posterior aplicação agrícola, que desencadeiam inúmeros
fatores benéficos ao solo e, sobretudo uma maneira eficiente de reduzir o
volume de material destinado aos aterros sanitários, pois cerca de 50 a 60% dos
resíduos domiciliares é material orgânico. (Saborano, 2006)
O
composto de lixo orgânico é um material orgânico rico em nutrientes,
apresentando 389 g kg-1 de matéria orgânica, elevado teor de nitrogênio (11,5 g
kg-1), baixos teores de fósforo (2,2 g kg-1), potássio, magnésio e enxofre
(3,3; 1,5 e 1,2 g kg-1, respectivamente) além de elevados teores de cálcio e
sódio (19,1e 1,785 g kg-1) (Almeida, 2003). Apesar de apresentar elevados teores
de metais pesados, como zinco (475 mg kg-1), cobre (230 mg kg-1), manganês (245
mg kg-1), níquel (12,7 mg kg-1), chumbo (158 mg kg-1 ) e cádmio (5,08 mg kg-1)
(Fachini et al., 2004), após a compostagem adequada, os teores de metais pesados
estavam abaixo dos limites estabelecidos pela NBR 10004 – Resíduos Sólidos, da
Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Diversos
autores destacam a melhoria das propriedades físicas e químicas do solo e o do
desenvolvimento das plantas, associados principalmente à alta concentração de presente
no composto de lixo urbano que exalta o seu potencial agronômico, visto que a
adição de quantidades superiores a 20 t ha-1 proporcionou o aumento da CTC (capacidade
de troca catiônica) do solo em consequência do incremento no teor de carbono
orgânico e nos valores de pH.
Dois
elementos merecem destaque, pelos efeitos produzidos no solo, quando aplicados
como fertilizantes orgânicos provenientes do lixo orgânico compostado:
-Sódio
(Na): Em condições acentuadas, pode provocar efeitos deletérios, por meio da
inibição de reações enzimáticas, ocasionadas pela desnaturação proteica, que é
a perda/desorganização de estruturas quaternárias, terciárias e/ou secundárias.
O sódio também pode penetrar entre o citoplasma e o vacúolo, podendo gerar uma
desidratação e turgescência da célula, que pode ocasionar morte de folhas e
ramos.
-Nitrogênio
(N): A relação simbiótica entre plantas leguminosas e bactérias fixadoras de
nitrogênio nos nódulos de suas raízes é colaborada pelo alto teor de nitrogênio
disponível na fertilização proveniente da compostagem do lixo orgânico.
As
bactérias nos nódulos das raízes tem acesso a grandes quantidades de energia na
forma de carboidratos e intermediários do ciclo do ácido cítrico,
disponibilizados pela planta, permitindo-a fixar mais nitrogênio do que realizaria
em condições encontradas normais do solo. Os bacteroides produzem complexos da
nitrogenase, que converte nitrogênio atmosférico (N2) em amônio (NH₄⁺); sem os bacteriodes, a planta é incapaz de utilizar N2. A célula infectada da raiz fornece alguns fatores essências
para a fixação de nitrogênio, como a leg-hemoglobina, heme-proteína de alta
afinidade de ligação pelo oxigênio, que é forte inibidor da nitrogenase.
O
enriquecimento causado pelo nitrogênio é a base dos métodos de rotação de culturas,
nos quais o cultivo de plantas não leguminosas, como o milho, que extraem do
solo o nitrogênio fixado, e alternado a cada poucos anos com o cultivo de
legumes.
Destacados
os benefícios que o lixo orgânico pode trazer para o meio ambiente, em especial
ao solo e a agricultura, cabe a cada um de nós promovermos a coleta seletiva e
cobrar dos órgãos competentes o melhor aproveitamento desses resíduos,
permitindo assim a não poluição dos recursos naturais e a contribuição para a
nossa alimentação, pois a utilização de fertilizantes orgânicos biológicos substitui
a necessidade de fertilizantes agroindustriais ou produtos transgênicos!
“O errado é errado
mesmo que todo mundo esteja fazendo.
O certo é certo
mesmo que ninguém esteja fazendo.”
Pense certo e faça
a coleta seletiva. O seu futuro agradece!
Referências Bibliográficas
LIMA, Rosiane L. S et al . Atributos
químicos de substrato de composto de lixo orgânico. Rev. bras. eng.
agríc. ambient., Campina Grande , v. 15, n.
2, Feb. 2011 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-43662011000200012&lng=en&nrm=iso>.
access on 09 Oct. 2014.
NELSON, D. L.;
COX, M. M. Princípios de Bioquímica de
Lehninger. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
TEIXIRA, Leopoldo Brito; OLIVEIRA, Raimundo Freire de; GERMANO, Vera Lúcia Campos; FURLAN JÚNIOR, José Furlan, Júnior; Composição Química de Composto de Lixo Orgânico Urbano de Barbacena; Setembro, 2002. Belém, PA. (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Comunicado Técnico 71).
TEIXIRA, Leopoldo Brito; OLIVEIRA, Raimundo Freire de; GERMANO, Vera Lúcia Campos; FURLAN JÚNIOR, José Furlan, Júnior; Composição Química de Composto de Lixo Orgânico Urbano de Barbacena; Setembro, 2002. Belém, PA. (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Comunicado Técnico 71).
Com foi dito na última postagem, o que é lixo pra um, pode não ser pra outro. Um pelo exemplo é a compostagem, gerado pelo lixo orgânico ajuda na adubação do solo e na disponibilidade de nitrogênio para as plantas. Uma outra vantagem da compostagem é que o seu uso evita a utilização de fertilizantes industriais, herbicidas e pesticidas. Isso se deve a presença de fungicidas naturais e microorganismos, além de aumentar a absorção de água
ResponderExcluirpelo solo. Outra vantagem é a diminuição do volume de lixo que ficaria apenas exposto ao ar.
Parabéns pelo post e pela explicitação dos benefícios do aterro sanitário, uma dica que dei na sua última postagem. Você poderia ter abordado ainda acerca dos 5 R´s, uma temática atemporal e que reflete uma prática cotidiana cada vez mais necessária.
ResponderExcluirNesta postagem você fala a respeito dos benefícios do lixo, uma visão de vanguarda e inovadora, atual! É necessário que nos desliguemos um pouco da óptica capitalista e que possamos inserir valores de comunidade, princípios que possam garantir a mínima sustentabilidade social, desde o pequeno agricultor ao topo da cadeia capitalista. O fato é que o lixo é repassado por meio da mídia, e tem sua imagem internalizada em nossa consciência, como se esse fosse o resultado final da cadeia produtiva, ou simplesmente o fim do ciclo.
No entanto, como podemos ver, o lixo pode ser reaproveitado, seja por meio da coleta seletiva e posterior reciclagem, ou ainda por meio da produção de adubos sustentáveis, utilizando, é claro, o lixo orgânico.
Não obstante, o sódio, como citado no texto, e por conta da sua grande biodisponibilidade, é um dos elementos fundamentais para o desenvolvimento de plantas e culturas de leguminosas, assim como o nitrogênio, que pode ser fixado e ter sua disponibilidade ampliada pelas bactérias fixadoras. Elementos esses, que podem ser encontrados em restos orgânicos, e que são vistos com maus olhos pelo capitalismo, uma vez que competem com os produtos industriais.
Mas claro, não são apenas esses os benefícios do lixo. O lixo reciclável também gera produção de empregos, o que pode auxiliar no combate à subsistência em lixões, onde seres humanos disputam com animais pelos restos de comida ou pela bioquímica que resta ao pobre, o excluído da cadeia socioprodutiva.
Será possível, pois, dizer que o rico e o pobre se alimentam e produzem
'bioquímicas" distintas?
E qual a diferença ou semelhanças entre a bioquímica do lixo brasileiro e a do resto do mundo?
Ficam essas perguntas como um anseio à busca por respostas acerca de sua temática.
O conceito de “lixo” diverge muito de pessoa para pessoa, para muitos o lixo se constitui em um importante atrativo econômico, para outros, lixo é apenas lixo. Reciclar, reutilizar, reaproveitar... Esses são termos usados com frequência, podemos não nos encaixar em nenhuma dessas proposições, mas uma coisa é certa, todos nós somos produtores de “lixo” e isso acontece diariamente. Enquanto produtores, devemos nos preocupar com o destino desse material que estamos descartando, pois não se trata de apenas jogar fora, é preciso avaliar os riscos, principalmente de saúde e ambientais, que podem ser desencadeados. Nesse ponto, o texto apresentado traz uma descrição das várias substâncias (orgânicas e inorgânicas) que podem estar associadas ao lixo que estamos produzindo.
ResponderExcluirMuito interessante o assunto deste post, pois mostra os efeitos benéficos do lixo desconhecidos por boa parte da população, haja vista quando se fala nesses resíduos só se pensa nos seus maleficíos, de como ele contribui para a poluição do meio ambiente. No entanto, para que o lixo seja benéfico ele deve ser devidamente descartado, realizando principalmente a coleta seletiva, separando os diferentes tipos de resíduos, e não só despejado de qualquer jeito em lixões. Já que assim seria permitida sua reciclagem, o uso do lixo orgânico compostado para adubação, pois contém diversos nutrientes essenciais ao solo, como o nitrogênio e diminuindo o uso de fertilizantes industriais que trazem diversos problemas para o solo e para as plantas. Além disso e não menos importante, devemos destacar a utilização do lixo para a produção de energia e até de combustível. Logo, o lixo deve ser valorizado, e para isso o incentivo à coleta seletiva é essencial, como também a construção de mais aterros sanitários, para assim favorecermos nosso meio ambiente e a vida da população em geral. Abordagem muito boa, espero continuar aprendendo mais sobre o tema!
ResponderExcluirNas cidades acredita-se que lixo deve ser recolhido pela prefeitura e despejado em algum local onde possa feder e sujar a vontade. Esta realidade perversa está sendo mudada pelas ações práticas de alguns municípios e pelos avanços nas leis e normas ambientais em nosso país. A compostagem é uma forma de recuperar os nutrientes dos resíduos orgânicos e levá-los de volta ao ciclo natural, enriquecendo o solo para agricultura ou jardinagem, além de é reduzir o volume de lixo produzido pela sociedade, destinando um resíduo que se acumularia nos lixões e aterros gerando mau-cheiro e a liberação de gás metano e chorume. É um processo relativamente simples, em que necessita-se apenas de fontes de carbono (serragem, normalmente), aeração, umidade e temperatura adequados, para que os microorganismos realizem seu trabalho. Como falado no post, a compostagem torna evidente o proveito que pode ser tirado do lixo.
ResponderExcluirA questão do lixo tem estado tão em voga ultimamente que vemos sempre os alertas sobre reciclagem e reaproveitamento. Mas a abordagem feita no post explicando sobre as minúcias da compostagem e uso de fertilizantes foi bastante esclarecedora!
ResponderExcluirE a prática da compostagem também é interessante para resíduos orgânicos de empresas. Em 2010 o Hospital Sírio Libanês em São Paulo iniciou um programa de compostagem de resíduos orgânicos produzidos no hospital. E, a partir da implementação desse programa até os dias de hoje, foi notória a redução dos resíduos comuns e incremento dos resíduos recicláveis (orgânicos e outros) através da contribuição de trabalhadores e terceiros.
Uma atitude ecológica como essa deve ser copiada por outras empresas.
Fonte: Estudo de Caso no Hospital Sírio Libanês (http://www.hospitaissaudaveis.org/arquivos/Compostagem_HSL.pdf)
Esta postagem é de grande valia, pois ajuda a mudar a perspectiva com a qual se percebe o lixo. Vê-se que é possível utilizar o mesmo de maneira benéfica, através de alguns processos bastante úteis, sendo o exemplo citado a compostagem. Esse processo utiliza o lixo orgânico para a produção de adubos que serão utilizados na agricultura, tendo assim que algo que estimava-se não ter mais nenhuma utilidade, acaba por reiniciar o ciclo produtivo. Também temos uma grande vantagem da compostagem que é a substituição dos fertilizantes agroindustriais, já que esses têm grande prejuízo para a saúde humana, seja para aqueles que tem contato direto com estes (os trabalhadores rurais) ou para aqueles que tem um contato mais indireto (os consumidores dos alimentos produzidos). Além da compostagem, temos outro processo alternativo de destino do lixo, a produção de energia a partir do gás do lixo, chamado de biogás. Este é um composto, cujos principais gases são o gás carbônico (CO2) e o metano (CH4), eles são produzidos pelo processo de digestão anaeróbica feito por microorganismos que sobrevivem na ausência de oxigênio. O biogás é usado, então, para fazer a produção de energia, através de motores de combustão interna ou turbinas a vapor. Percebe-se, assim, que existe toda uma gama de alternativas para o destino do lixo e que deve-se utilizá-las, para que o lixo deixe de ser um problema e torne-se uma ferramenta útil.
ResponderExcluirFonte:
http://g1.globo.com/platb/mundo-sustentavel/2013/03/01/o-lixo-que-vira-energia/