sábado, 6 de dezembro de 2014

Reciclagem: O início do fim

Para finalizar o ciclo de postagens do blog, iremos trabalhar uma temática que nos convida a iniciarmos novamente o ciclo de produção do lixo, porém de uma forma diferente, inovadora e consciente, através da Reciclagem, que já foi levemente abordada.
Reciclagem é a expressão utilizada para designar o reaproveitamento de um produto como matéria-prima de um novo produto de mesma espécie ou espécie diferente, a partir de matérias potencialmente recicláveis de acordo com as suas características físico-químico-biológicas, a exemplo do papel que pode ser geralmente reciclado.
As principais vantagens da reciclagem são a diminuição do volume de lixo produzido, a redução da extração da matéria-prima da natureza, diminuição na poluição da água, do ar e do solo, a geração de emprego e renda pelas cooperativas e indústrias recicladoras, além de diminuir os custos de produção dos produtos.
Uma notícia publicada na Revista Veja em Setembro de 2008 revelou alguns números alarmantes que destacam a importância da reciclagem: a reciclagem de uma única latinha de alumínio propicia economia de energia suficiente para manter uma geladeira ligada por quase dez horas; cada quilo de vidro reutilizado evita a extração de 6,6 quilos de areia; cada tonelada de papel poupada preserva vinte eucaliptos. Poupam-se a natureza e os gastos.
Apesar de todos os benefícios, alguns obstáculos impedem a reciclagem: Certos materiais, especialmente os químicos, necessitam de processos especiais para a sua reciclagem, o que o torna caro, seja pela grande quantidade de energia demandada ou pelos equipamentos utilizados, como a reciclagem de pilhas. Outro fator é a logística até a cooperativa ou indústria recicladora, pois os materiais podem “contaminar-se” durante o trajeto, a exemplo Um copo de café jogado numa lata de lixo pode comprometer a reciclagem de todo o papel ali contido.
No Brasil, o setor de reciclagem movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano. Mesmo assim, o País perde em torno de R$ 8 bilhões anualmente por deixar de reciclar os resíduos que são encaminhados aos aterros ou lixões, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente. Isso porque o serviço só está presente em 8% dos municípios brasileiros.
Em contrapartida, o Brasil é o 1º colocado no ranking mundial de reciclagem delatas de alumínio, sendo que o mesmo (alumínio) é o campeão de reciclagem no País, com índice de 90%, segundo os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável de 2010 do IBGE. Isso se deve ao alto valor de mercado de sua sucata, associado ao elevado gasto de energia necessário para a produção de alumínio metálico. Para o restante dos materiais, à exceção das embalagens longa vida, os índices de reciclagem variam entre 45% e 55%.
Abaixo segue uma síntese breve dos processos envolvidos na reciclagem dos principais elementos encontrados no lixo:
Metais: Exemplo das latas de alumínio - inicialmente ocorre separação das impurezas e remoção da pintura por jato de ar quente (em torno de 550º C), posteriormente a trituração do alumínio, e então é derretido em fornos de fusão (em torno de 700º C). Na sua última etapa, a fundição do alumínio, O metal derretido é transferido para um forno de espera, onde é tratado para remoção de impurezas antes da fundição do alumínio, após tratamento, ele é resfriado por jatos de água fria bombeada em torno e através da base do molde, que se solidifica ou segue para uma nova etapa de produção de novas latas.
É importante salientar que as instalações de reciclagem de alumínio são regulamentadas pelas autoridades ambientais do país em que operam e também devem atender às medidas rígidas de controle. Todos os gases descartados da trituração, remoção de pintura, derretimento devem seguir para instalações de tratamento, afinal de que adiantaria uma reciclagem mais tóxica que o processo natural de produção.
Papel: O papel é cortado em tiras e despejado em um tanque de água quente, sendo misturado até formar uma pasta de celulose, que na etapa seguinte será drenado para retirada de impurezas pela água. Então, a mistura é seca e encaminhada a cilindros a vapor e rolos de ferro, preparando-o para ser enrolado em bobinas e ser papel de novo.
Vidro: A primeira etapa consiste em separa-lo de acordo com o tempero (cor) do vidro, para então serem retiradas as impurezas como plástico ou papel. A próxima etapa é a trituração, que formam cacos homogêneos a serem misturados com areia e pedra calcária no processo de fundição. Para torná-los mais resistentes, recebem jato de ar quente e então estão aptos a serem utilizados como vidros novos.
Matéria Orgânica: Como destacado na 2ª postagem deste blog “O Lixo Benéfico”, os materiais orgânicos (restos de alimentos geralmente), são compostados acelerando o processo natural de decomposição e transformados em adubo para a produção agrícola.
Plástico: Principalmente as garrafas PET’s, podem ser submetidas a 03 (três) processos de reciclagem, a saber: Reciclagem energética - trata-se da queima do polímero. A energia advinda da queima pode-se utilizar para a geração de energia (caldeiras, termelétricas, etc). Reciclagem mecânica - as embalagens são separadas por cor e podem ser vendidas como matéria prima. Em seguida, o processo é a revalorização, onde o produto é moído e já usado como matéria prima. Por fim, a transformação, em que o granulado, é transformado em produto novo. Reciclagem química - reprocessam plásticos transformando-os em petroquímicos básicos: monômeros ou misturas de hidrocarbonetos que servem como matéria-prima, em refinarias ou centrais petroquímicas, para a obtenção de produtos nobres de elevada qualidade. Ocorrem processos como hidrogenação, gaseificação, quimólise e pirólise.
Destacado o processo de reciclagem, torna-se indispensável a colaboração mútua da população como agente facilitador do processo de reciclagem e reutilização, praticando a coleta seletiva e do governo como agente fomentador e gestor de políticas públicas que incentivem e colaborem com a redução do lixo e consequente preservação ambiental.

Heráclito já dizia:
“Nada na vida é imutável, tudo flui, estamos em constante movimentação”

Obrigado Leitores e Comentaristas pela excelente jornada de contribuição mútua na construção do conhecimento!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Domingos et al. Reciclagem – Projetos de Engenharia Ambiental. UNESP – Socoraba. Disponivel em http://www2.sorocaba.unesp.br/professor/amartins/aulas/pea/Reciclagem.pdf Acesso 06 Dez 2014
Reciclagem e Coleta Seletiva. Perguntas & Respostas. Sessões Online http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/reciclagem/ Acesso 06 Dez 2014
Reciclagem atinge apenas 8% dos municípios brasileiros Disponível em http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2012/04/reciclagem-atinge-apenas-8-porcento-dos-municipios-brasileiros Acesso 06 Dez 2014
O processo de reciclagem. Disponível em http://www.novelis.com/pt-br/Paginas/The-Recycling-Process.aspx Acesso 06 Dez 2014

Reciclagem Química. Disponível em  http://www.plastivida.org.br/2009/Reciclagem_Quimica.aspx Acesso 06 Dez 2014

sábado, 29 de novembro de 2014

Os 5 R's e o Lixo: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar

A problemática do lixo é algo recorrente e comum em nosso cotidiano. No decorrer das postagens anteriores, destacamos o papel do governo na regulação do destino adequado deste lixo, tal como outras estratégias que o governo adota para sanar ou adequar tal problemática. Agora, vamos destacar o que cada indivíduo pode fazer ou deixar de fazer para colaborar com a redução do impacto do lixo no planeta.
Sem dúvidas, quando se imagina a redução do lixo, a primeira palavra que vem às mentes é RECICLAGEM. È notório que a reciclagem do lixo representa um processo indispensável para o reaproveitamento do mesmo, mas muito mais importante do que dar um novo destino ao lixo, é essencial não produzi-lo, assim a reciclagem representa o fim de uma escala de ações conhecida como 5 R’s.
Os 5 R’s representam 05 ações iniciadas com a letra R que atuam diretamente na redução do lixo e podem ser facilmente aplicáveis ao nosso dia-a-dia, melhorando a nossa qualidade de vida e contribuindo para a qualidade de vida das próximas gerações. São elas: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar, e Reciclar.

  01-  REPENSAR
A ação REPENSAR sugere uma reflexão acerca dos nossos hábitos de consumo e descarte. Será se eu vou comprar tal item/produto porque realmente necessito? Isto é agravado pelo alto grau de inovação tecnológica e capitalismo da atual sociedade, pois muitas vezes possuímos produtos relativamente novos, mas que estão obsoletos. Assim, indicada a compra de produtos recicláveis e/ou reciclados, porém tais produtos são pouco atrativos pelo valor superior aos produtos. Outro fator a ser analisado é o desperdício de material nos diversos ambientes que nos encontramos, assim como o desperdício de alimentos e energia.

02-  RECUSAR
Há empresas que se preocupam com o meio ambiente, adotando políticas próprias que reduzem seus impactos no meio ambiente, logo se torna indispensável a valorização destas culturas organizacionais que colaboram com o bem estar.
Assim como há empresas comprometidas com o meio ambiente, há empresas que não estão conectadas às causas ecológicas. É necessário RECUSAR produtos e/ou serviços que prejudicam o meio ambiente e a saúde, bem como produtos não recicláveis e descartáveis capazes de perpetuar-se por várias gerações.

03-  REDUZIR
A REDUÇÃO é a concretização da minimização do processo de descarte e consumo desnecessário. Dê preferência a produtos com maior durabilidade, e consequentemente gerando menor quantidade de resíduos e desperdício, como por exemplo, utilizando refis e embalagens retornáveis.

04-  REUTILIZAR
O termo REUTILIZAR refere-se a maximizar a utilização de algo dentro das suas condições ou mesmo aproveitar um item que tinha uma finalidade para algo similar sem expor condições de risco. Um exemplo simples é utilizar o papel dos dois lados, tornando-o rascunho em outro momento, utilizar restos de alimentos para fazer adubo natural e fertilizando para o solo ou até mesmo criar objetos artesanais a partir de embalagens de vidro, papel, plástico, metal, etc.

05-  RECICLAR
RECICLAR significa aproveitar os resíduos do produto e fabricar o mesmo produto ou outro tipo de produto, produzindo efeitos espetaculares: a diminuição da quantidade de resíduos produzidos; a redução da quantidade de matéria prima a ser extraída da natureza, potencializando sua recuperação, além de gerar empregos e renda pra diversas pessoas nos processos de reciclagens, promovendo benefícios ambientais, sociais, e econômicos.

Para que a reciclagem seja mais propícia, a segregação dos resíduos de acordo com as suas características é extremamente importante, pois a partir de então a coleta seletiva poderá atuar de forma mais eficaz encaminhando tais resíduos diretamente para as cooperativas que realizam a reciclagem ou reutilização.
Coleta Seletiva é o sistema de recolhimento de resíduos recicláveis previamente separados na fonte geradora e que podem ser reciclados ou reutilizados. Tal sistema possui um papel educador na medida em que a comunidade adere e conhece os problemas do desperdício do lixo.

Em Teresina, apenas 0,01 % do lixo passa por coleta seletiva, revelando a necessidade de conscientização da população acerca dos benefícios que a coleta seletiva traz para o meio ambiente e para o ser humano, assim como em contrapartida é necessário que o governo propicie condições para continuar a coleta seletiva que a população faz em suas residências, pois de nada adianta separar os materiais em casa e todos serem direcionados ao aterro sanitário, como o velho ditado popular:

“Uma andorinha só, não faz verão, é necessário governo e população.”

FONTE:
Os 5 R’s. Disponivel em http://www.recicla.ccb.ufsc.br/os-5-rs/ Acesso 29 Nov 2014
O Futuro do Lixo. Caderno Globo Universidade, v. 1, n. 1, dez. 2012 – Rio de Janeiro, Rede Globo, 2012. Disponível em http://especial.globouniversidade.redeglobo.globo.com/livros/CadernoGUSPLimpa.pdf  Acesso 29 Nov 2014
Educação Ambiental e os 5 Rs. Disponível http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/educacao-ambiental-os-5-rs.htm Acesso 29 Nov 2014

Coleta Seletiva. Disponivel em http://www.lixo.com.br/documentos/coleta%20seletiva%20como%20fazer.pdf Acesso em 29 Nov 2014



sábado, 22 de novembro de 2014

Nossa Realidade: Lixo em Teresina-PI


No decorrer das postagens, tentei destacar os principais resíduos produzidos pela sociedade, qual a sua destinação correta e quais as principais consequências quando o descarte é feito de forma inadequada, gerando graves problemas geralmente. Nessa postagem, iremos realizar uma avaliação de como anda a questão do lixo na cidade de Teresina-PI.
Segundo apresentação do diagnóstico participativo do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) para a população, realizado pela empresa DRZ Geotecnologia e Consultoria, 95% da população conta com serviços de coleta de resíduos urbanos. De acordo com a Prefeitura Municipal de Teresina, em 2013 esse percentual significava 600 (seiscentas) toneladas de lixo domiciliar e comercial, 07 (sete) toneladas de resíduos sólidos e 10 (dez) toneladas de penas e vísceras depositadas diariamente no Aterro Sanitário.
O Aterro Sanitário de Teresina-PI faz parte do Plano Nacional de Resíduos Sólidos de responsabilidade do Governo Federal e tem como intenção estabelecer regras e normas que diminuam o impacto ambiental do lixo. Assim, todas as prefeituras são obrigadas a construir aterros sanitários adequados ao meio ambiente.
Para minimizar os impactos do lixo no meio ambiente, em 2013 foi anunciada a construção de uma Estação de Tratamento de Chorume no aterro. O secretário executivo da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEMDUH), Vicente Moreira, ressalta a importância da construção de uma Estação de Tratamento de Chorume, realizada neste ano. “O material orgânico presente no local se decompõe, o que origina um líquido denominado de chorume. Ele é tóxico e necessita ter uma destinação correta, e a Estação de Tratamento age neste sentido. O chorume é tratado até ser convertido em água de reuso que, em um primeiro momento, pode ser utilizada para molhar grama, por exemplo”.
A Estação de Tratamento de Chorume visa criar uma nova fonte produtora de amônia a partir de um processo físico tendo como matéria-prima o líquido percolado/chorume de aterro sanitário, ou seja, uma fonte biológica residual altamente tóxica e que necessita de tratamento.
É um sistema compacto para volatilização de águas amoniacais a fim de permitir a evaporação descontaminada de amônia anidra (NH4-) e amônia gasosa (NH3) por meio de uma coluna de destilação de pratos intercalados de duas vias e de forma catiônica que utiliza como carga térmica o calor proveniente da combustão do biogás (gás metano – CH4) do próprio aterro sanitário, e aproveitamento térmico em contra corrente com percolado frio para resfriamento dos gases amoniacais, permitindo a ausência de consumo de água no resfriamento, e o uso de um sistema de evaporação de múltiplos efeitos, a fim de concentrar a água destilada separando em águas residuais e lodo. O sistema pode ser utilizado em aterros sanitários e pequenos geradores de resíduos.
Outra iniciativa da PMT, que faz parte do Projeto de Erradicações de Lixões, é a instalação de 19 (dezenove) Pontos de Recebimento de Resíduos (PRR) que são pontos estratégicos, que há containers ou caçamba estacionária para receber o lixo que antes jogado nos terrenos baldios, recolhido periodicamente pelos caminhões.
Em conjunto com o PRR, há a meta de eliminação de 101 pontos de deposição irregular de lixo (lixões). Nesses pontos serão afixadas placas de orientação à população, proibindo jogar lixo naquele local. Ocorrerá também a fiscalização das áreas proibidas, em que fiscais poderão aplicar multas aos indivíduos que colaborarem com a deposição de lixo, que vão de R$ 100,00 a R$ 5.000,00.
Uma medida alarmante é a Fiscalização do Lixo Zero no Centro de Teresina. Consiste em multar indivíduos que forem flagrados jogando lixo, de qualquer espécie, nas vias públicas, no valor de R$ 100,00. Apesar de a prefeitura investir fortemente na colocação de lixeiras no centro, os vândalos, usuários de drogas e moradores de ruas que ali trafegam, ocasionam estragos/destruições constantes das mesmas, colocando o indivíduo em uma situação incômoda.
Atividade desenvolvido na CMEI Vila Pantanal II
A preservação do meio ambiente deve ser algo intrínseca a cada cidadão, e para tal é necessário à educação desde cedo e continuada. Pensando nisso, alunos do 1º período da CMEI Vila Pantanal II, coordenados pela professora Polyana Martins, desenvolveram práticas na rua: Com sacos protetores nas mãos, as crianças coletavam lixo nas proximidades do colégio, aprenderam sobre coleta seletiva, desenvolvendo a consciência sustentável para boas práticas ao meio ambiente.
O lixo é uma problemática recorrente que vem sendo debatida cada vez mais em nossas vidas, pois a cada minuto o ritmo capitalista produz mais e pouco do produzido é reaproveitado. Políticas Públicas são necessárias para a destinação adequada destes resíduos, mas é indispensável a cada cidadão a consciência e o dever de colaborar com o meio ambiente, seja produzindo pouco lixo, reaproveitando o seu lixo ou realizando a coleta seletiva, afinal:

O lixo produzido hoje é o problema de amanhã.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Coordenação de Limpeza Publica explica funcionamento do Atero Sanitario para Vereadores. Disponível http://www.portalpmt.teresina.pi.gov.br/noticia/Coordenacao-de-Limpeza-Publica-explica-funcionamento-do-Aterro-Sanitario-para-vereadores/1046 Acesso 22 Nov 2014
Equipe conclui apresentação de diagnóstico. Disponível em http://www.drz.com.br/noticia.php?n=513&noticia=Equipe_conclui_apresentacao_de_diagnostico Acesso 22 Nov 2014
Tratamento de Chorume. Disponivel em http://www.ebccomercio.com.br/capa.asp?idpagina=261 Acesso 22 Nov 2014
Prefeitura inicia projeto de erradicação de lixões Disponivel http://www.portalpmt.teresina.pi.gov.br/noticia/Prefeitura-inicia-projeto-de-erradicacao-de-lixoes/2611 Acesso 22 Nov 2014

Aula de campo ensina crianças a lidarem com o lixo Disponivel em http://www.portalpmt.teresina.pi.gov.br/noticia/Aula-de-campo-ensina-criancas-a-lidarem-com-o-lixo/4825 Acesso 22 Nov 2014.

sábado, 15 de novembro de 2014

Esgotamento Sanitário: O lixo líquido!

Na 01ª postagem, foi abordado o lixo de uma forma geral e ampla esclarecendo o seu destino geral e as principais repercussões no meio ambiente e na vida do homem. Nas últimas 05 postagens destacaram-se os tipos de lixos mais comuns, salientando o seu destino correto e quais as principais consequências quando descartado de forma aleatória. Na atual postagem será destacado um lixo diferente dos demais por apresentar-se na forma líquida e sua produção ocorrer de forma involuntária, mas consciente: O Esgotamento Sanitário.
Diariamente em nossas residências realizamos atividades básicas que fazem parte do nosso cotidiano, como lavar as louças, as roupas, as mãos, tomar banho, escovar os dentes, em alguns casos banhar os animais, assar alimentos com óleo vegetal ou animal, dentre outras. Estas atividades produzem resíduos, que geralmente, ou quase nunca paramos para observar o seu destino final, ou mais simplesmente: É lixo? Eu economizei na utilização? Podemos reaproveitar?
Algumas metodologias são utilizadas na tentativa de minimizar o desperdício e a maximização do reaproveitamento da água, como a utilização da água da máquina de lavar para lavar o quintal e a água que escorre das loucas limpas pode ser aproveitada para aguar plantas; Cisternas que captam água da chuva, que não é recomendada para beber ou tomar banho, mas para lavagens de carros, roupas, louças, aguar jardins, utilizar em descargas; Enfim, medidas sustentáveis ao meio ambiente.
De modo geral, os resíduos provenientes destas atividades são lançados no esgoto interno de nossas residências e desembocam na rede de esgotos das ruas e avenidas que residimos quando existem. Quando não existe o esgotamento sanitário, um dos 04 pilares do saneamento básico, há um acúmulo em nossas próprias residências ou os mesmos consolidam o que chamamos de esgotos a céu abertos.
O esgoto é composto em sua maioria por água e resíduos sólidos, que basicamente é matéria orgânica e mineral, em solução e em suspensão, assim como alta quantidade de bactérias e outros organismos patogênicos e não patogênicos. A decomposição anaeróbica destes resíduos produz gases que em locais fechados, como as tubulações e as estações, podem concentrar-se em níveis perigosos, como o metano, altamente explosivo, e o gás sulfídrico responsável pelo cheiro característico do esgoto.
Dados alarmantes divulgados pelo Instituto Trata Brasil “Ranking do Saneamento 2014” evidenciou que Teresina possui um dos piores indicadores de saneamento básico do Brasil (89º de 100), pois apenas 16,33% da população, possui coleta de esgoto; tendo como base os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento do Ministério das Cidades, referentes ao ano de 2012. Com relação ao tratamento, apenas 14,7% do esgoto da cidade  passa por esse serviço.
Esgoto corre a céu aberto na segunda maior favela do Brasil.
Foto: Moradores
Os esgotos a céu aberto propiciam os mais diversos problemas de saúde pública como a veiculação de germes patogênicos de várias doenças, entre as quais, febre entéricas, diarreias infecciosas, amebíase, ancilostomose, esquistossomose, teníase, ascaridíase, hepatite A, febres, leptospirose, conjuntivites e tracoma, etc

O levantamento realizado pelo Instituto Trata Brasil em novembro de 2010 mostrou que nas localidades com as piores condições de saneamento é igualmente alta (muitas vezes superior a 70%) a relação entre internações por diarreias de crianças com até 05 anos e o conjunto dos atendimentos hospitalares para esse tipo de enfermidade. Destacou também o efeito no desempenho escolar, pois crianças que vivem em áreas sem saneamento básico apresentam 18% a menos no rendimento escolar.
Os esgotos provenientes de casas, hospitais, indústrias, podem desembocar diretamente em rios, causando contaminação destas águas, muitas vezes utilizadas pela própria cidade para consumo, mas o descaso é maior.


Quando há um sistema de esgotamento sanitário eficiente, antes de desembocarem no rio, há o tratamento destes resíduos em uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), visando minimizar o impacto destes no meio ambiente:
Pré-Tratamento ou Tratamento Preliminar: O esgoto é submetido à processos de separação dos sólidos mais grosseiros. Gradeamento que pode ser composto por grandes mais grossas, mais finas e/ou peneiras rotativas; Desarenamento nas caixas de areia e Desgorduramento nas caixas de gorduras ou pré-decantadoras.
Tratamento Primário: A matéria poluente é separada da água por sedimentação, facilitada por agentes químicos na coagulação/flocação resultando em sedimentos maiores e decantáveis mais facilmente, podendo obter 60% de eficência.
Tratamento Secundário: Adiciona-se iodo ativado ou filtro biológico, em que a material orgânica é consumida por micro-organismo através de processos aeróbicos nos reatores biológicos, podendo obter até 95% de eficiência. Posteriormente nos decantadores secundários, os micro-organismos são sedimentados dos resíduos que continua o ciclo.
Tratamento Terciário: Ocorre a desinfecção das águas residuais tratadas para a remoção de agentes patogênicos ou determinados nutrientes como nitrogênio e ferro.
Remoção de Nutrientes: Assim como retratado na 01ª postagem, o excesso de fósforo e nitrogênio pode provocar o acúmulo de nutrientes, eutrofização, que ocasiona o crescimento excessivo de algas e cianobactérias. Algumas algas morrem e sua decomposição remove o oxigênio das águas e os peixes morrem, além de algumas toxinas produzidas por elas que contaminam as águas.
Desinfecção: A cloração é indispensável para remover os odores nas estações de tratamento e, sobretudo a remoção de agentes patogênicos.
Finalizado estas etapas na estação de tratamento de esgoto, a água tratada está liberada para ser lançada ao rio novamente, sem causar estragos ao meio ambiente. Em alguns casos, esta água pode ser lançada para reuso, como aconteceu recentemente em Campinas (SP) decorrente da crise hídrica, mas antes de ser lançada ao consumo humano, passará novamente por mais uma etapa de filtração nas Estações de Tratamento de Água (ETA).
Quando o Saneamento Básico é presente e eficiente, os serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos levam à melhoria da qualidade de vidas das pessoas, sobretudo na Saúde Infantil com redução da mortalidade infantil, melhorias na Educação, na expansão do Turismo, na valorização dos Imóveis, na Renda do trabalhador, na Despoluição dos rios e Preservação dos recursos hídricos, etc.
Logo, é de extrema importância que cada um de nós como cidadãos conscientes dos nossos direitos e obrigações, possamos exigir dos governantes a implantação da legislação vigente a respeito do Saneamento Básico, conforme LEI Nº 11.445, DE 5 DE JANEIRO DE 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico.

Afinal, a Saúde é direito de todos e dever do estado! (Art. 196 CF 88)


REFERÊNCIAS BIBLIORÁFICAS
Manual do Saneamento Básico. INSTITUTO TRATA BRASIL. 2012. Disponível em http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/uploads/estudos/pesquisa16/manual-imprensa.pdf  Acesso 15 Nov 2014
KRONEMBERG, Denise Maria Penna; CLEVELÁRIO JUNIOR, Judicael. Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População. INSTITUTO TRATA BRASIL, Nov 2010. Disponivel em http://www.tratabrasil.org.br/novo_site/cms/templates/trata_brasil/files/esgotamento.pdf Acesso em 15 Nov 2014
Composição do Esgoto. Disponível em http://www.deltasaneamento.com.br/noticia/2/composicao-do-esgoto#.VGd0OfnF_T8 Acesso em 15 Nov 2014.
Sustentabilidade - reaproveitamento da água. Disponível em http://www.atitudessustentaveis.com.br/atitudes-sustentaveis/sustentabilidade-reaproveitamento-da-agua/ Acesso 15 Nov 2014.
Teresina é a 5ª pior capital do Brasil em saneamento básico, diz pesquisa. Disponível em http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2014/08/teresina-e-5-pior-capital-do-brasil-em-saneamento-basico-diz-pesquisa.html Acesso 15 Nov 2014

sábado, 8 de novembro de 2014

Lixo Nuclear: Abortar Missão

Goiânia, 13 de Setembro de 1987...
Dois jovens catadores de lixo encontram um aparelho de radioterapia de 100 kg em um prédio público abandonado, e levam-no para casa de um deles no intuito de retirar o chumbo e o metal para vender. Na tentativa da extração, tiveram contato com uma cápsula de Césio 137, um metal radioativo, e pouco tempo depois, ambos começam a ter sintomas de contaminação radioativa, como tonteiras, náuseas e vômitos, mas associam os sintomas à alimentação.
Após 05 (cinco) dias, o equipamento foi vendido para Devair Alves Ferreira, dono de um ferro-velho no Setor Aeroporto. No desmanche do material abriu a cápsula e percebeu o brilho azul do material, decidindo levar para dentro de casa. Sua família, parentes, amigos e curiosos foram ver o material e os sintomas da contaminação perpetuavam-se.
Quando procuravam atendimento médico, eram diagnosticados apenas com viroses e recebiam medicação básica, até que Lourdes, esposa do Devair, ao ver sua filha muito doente resolveu recolher uma amostra do material e levar à Vigilância Sanitária da cidade, quando detectaram o elemento radioativo, Césio 137.
A pequena garota de 06 (seis) anos, Leide das Neves Ferreira, ingeriu Césio 137, não resistiu aos cuidados médicos e veio ao óbito. Ao todo, mais de 600 (seiscentas) pessoas foram vitimadas pelo contato com o elemento Césio 137 e parte da população necessita de cuidados especiais por conta das sequelas.
Veja a galeria de fotos, da produção do G1, acerca do acidente com Césio 137.
http://g1.globo.com/goias/fotos/2012/09/veja-fotos-da-epoca-do-acidente-com-o-cesio-137-em-goiania.html#F564371

O Lixo Nuclear corresponde tudo aquilo com componente radioativo e não possui nenhuma utilidade, formado por diversas fontes, sendo as principais as usinas nucleares, as armas nucleares, os laboratórios de exames clínicos e clínicas de oncologia.
Assim como a maioria dos outros tipos de lixo, o principal problema relacionado ao lixo nuclear relaciona-se à sua destinação adequada, podendo causar inúmeros problemas que vão desde vômitos até à morte imediata pela contaminação radioativa. Muitas empresas despejam os lixos radioativos diretamente nos rios, causando assim a contaminação das águas e, além disso, causam contaminação da atmosfera devido a emissão gasosa desses compostos químicos.
Cada tipo de resíduo nuclear tem um destino. "Depende do grau de radioatividade e dos materiais de que ele é composto", diz o engenheiro Alfredo Tranjan Filho, diretor da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão governamental criado para fiscalizar o uso de material radioativo.
Classifica-se em alta, média e baixa radioatividade: As baixas ou médias são armazenadas em depósitos provisórios ou permanentes (No Brasil, há depósitos provisórios em centros de pesquisa nuclear no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais - o único depósito permanente fica em Goiás); Os de alta são pastilhas gastas de urânio vão sendo empilhadas em uma piscina de resfriamento ao lado do reator onde são usadas.


Na tabela abaixo são descritos os principais produtos de cada tipo de resíduo e qual a sua destinação adequada segundo as normas regulamentadores internacionais e nacionais. 

Tipo de Resíduo
Produtos/Destino
Baixa Radioatividade
Tudo que entra em contato com material radioativo, como ferramentas, luvas, roupas de proteção de operários e material de laboratório
Latas sem blindagem especial, guardadas em depósitos temporários, perto de onde o lixo é produzido. Depois, elas podem seguir para depósitos subterrâneos
Média Radioatividade
Recipientes usados de combustível nuclear, peças de reator e rejeitos químicos dos processos de mineração e enriquecimento de urânio
Em geral, é guardado nos mesmos locais que o lixo de baixa radiação, mas com uma grande diferença: esse tipo de rejeito fica dentro de tonéis blindados de concreto
Alta Radioatividade
Pastilhas gastas de urânio, usadas como combustível de reatores, e rejeitos líquidos oriundos da extração de plutônio para fabricação de bombas nucleares
É guardado em piscinas protegidas junto aos próprios reatores das usinas, ou em depósitos provisório


O armazenamento deste material consiste em proteger o meio ambiente de seus efeitos novicos até que sua meia-vida ou período de semidesintegração resulte em radioatividade 0 (zero) ou níveis que não podem causar problemas.
Entende- por meia-vida ou período de desinstragraçao de um isótopo radioativo o tempo necessário para que se desintegre a metade dos átomos radioativos existentes em qualquer quantidade desse istótopo. É importante salientar, que cada elemento apresenta uma meia-vida específica, o que permite os 03 (três) tipos de resíduos supracritados. Ex: O período de meia-vida do iodo-131, utilizado na medicina nuclear, é de 8 dias, enquanto do urânio-235, utilizado nas usinas, é 4,5 x 10^9 anos.

Nesse contexto, é de extrema importância a intervenção do Estado como órgão de fiscalização do descarte de materiais radioativos, assim como proporcionar uma estrutura mínima necessária de apoio para que este descarte ocorra de forma adequada.

FONTE:
Maior acidente radiológico do mundo, césio-137 completa 26 anos. Disponivel em: http://g1.globo.com/goias/noticia/2013/09/maior-acidente-radiologico-do-mundo-cesio-137-completa-26-anos.html Acesso em 08 Nov 2014.
Qual é o destino do lixo nuclear produzido no mundo? Disponível em http://meioambiente.culturamix.com/lixo/lixo-radioativo Acesso em 08 Nov 2014.
Para Onde Vai O Lixo Nuclear? Disponivel em http://meioambiente.culturamix.com/lixo/para-onde-vai-o-lixo-nuclear Acesso 08 Nov 2014

sábado, 1 de novembro de 2014

Lixo Eletrônico: Você não fica fora dessa...!


O que fazemos com o celular lanterninha que foi trocado por um Iphone? Com a TV de plasma antiga que não funciona mais e foi substituída pela de LCD? Com o mouse que não funciona mais? Com o pen drive infectado por lixo virtual e não grava mais nada? Ou mesmo com aquele aparelho de fax antigo que entrou em desuso?
Alguns guardam em um quarto em casa cheio de coisas velhas e inutilizadas, outros vendem para assistências ou recicladoras, alguns trocam por acessórios, e há quem descarta nos pontos de coletas de material eletrônico de acordo com sua especificidade e ainda quem descarta no lixo comum!O grande problema reside nesse descarte indiscriminado, assim como o lixo hospitalar tratado na última postagem.
Segundo o PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, idealizado pela ONU (Organização das Nações Unidas), anualmente são descartas 48,8 milhões de toneladas de lixo eletrônico e as projeções sugerem aumento em torno de 400% a 500%.

O lixo eletrônico (e-lixo) ou resíduo de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) são aparelhos eletrônicos que deixam de ser úteis por estarem defeituosos ou obsoletos. Corresponde desde objetos de pequeno porte como mouses, HD’s externos, baterias de celulares e notebooks, teclados, tablet, celulares, até portes maiores como TV’s, computadores de mesa, notebook, monitores, no-break’s e etc.
Elementos Químicos de um Celular
Conforme destacado na imagem acima, o lixo eletrônico pode conter inúmeros elementos químicos das mais diversas naturezas que impõem ou não sérias consequências para o meio ambiente e ao ser humano. Alguns destes elementos possuem alto teor de reciclagem, por exemplo, o ferro, o estanho, o zinco, o ouro, o cobalto, mas há outros que não podem ser reciclados, como o titênio, o cádmio, o mercúrio, o arsênio, a sílica e por si só representam grandes componentes tóxicos.
No meio ambiente, as repercussões são similares às discutidas no 01º (primeiro) post sobre contaminação aquífera, em que os resíduos despejados em lixões ou aterros não controlados podem contaminar o solo, os lençóis freáticos e o ar e chegar até o ser humano. Outro ponto é resultante da interação entre estes elementos e a flora e a fauna, ocasionando mortes de centenas de animais, e devastação da vegetação nativa.
Na tabela abaixo encontram-se os principais elementos químicos tóxicos presentes no lixo eletrônico e suas repercussões no organismo, de acordo com o levantamento feito em São Paulo. (MUTIRÃO DO LIXO ELETRÔNICO, 2008).

Destacadas as inúmeras repercussões patológicas dos elementos, é importante salientar qual o processo e tratamento adequado para estes resíduos e qual a nossa contribuição enquanto indivíduos responsáveis para o bem estar geral.
Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, já destacada na 01ª (primeira) postagem, empresas que produzem materiais perigosos ao meio ambiente têm a obrigação de realizar a logística reserva. Além disso, essas empresas devem declarar dados periodicamente tanto para prefeituras como para a defesa civil e órgãos responsáveis de fiscalizar esse lixo a respeito do que estão fazendo com o lixo que não pode ser reciclado.
A logística reversa consiste em pontos de coletas que recebem os resíduos a serem descartadas, isentando em parte a obrigação do consumidor de destinar um fim específico. Após recolhidos, a empresa geralmente faz uma desmontagem separando o resíduo em estruturas menores (quando possível), e posterior tratamento eliminando ou minimizando seus efeitos tóxicos, ou ainda o reencaminhamento para ser re-utilizado como insumo de novos produtos.
A China, o país que mais produz lixo eletrônico, possui uma cidade conhecida como capital da reciclagem tecnológica, chamada Guiyu, movimenta cerca de US$ 600 milhões ao ano na reciclagem de resíduos do mundo inteiro e emprega pelo menos 80 mil de seus 130 mil moradores na atividade, representando um papel social da reciclagem para essa população, sem contar os trabalhadores informais.
Assim como o Brasil, a China possui legislação específica para a proteção do meio ambiente, porém as normas vigentes não são aplicadas a risco. Um morador de Guiyu destacou que os resíduos resultantes são jogados no rio, trazendo drásticas mudanças: “Lembro que na frente da minha casa tinha um rio. Era verde e a água era clara e bonita. Agora, é preta".
É importante salientar a influência do capitalismo sobre o lixo eletrônico, pois a cultura capitalista induz que você necessita sempre do mais moderno e tecnológico para ser aceito socialmente, e então o indivíduo troca sua tecnologia “antiga”, por uma “nova” até que em poucos meses criem uma mais “nova” e o ciclo de descarte continua aumentando cada vez mais e inversamente, as empresas tentam insentar-se de manter postos de coletas destes resíduos, provocando o descarte indiscriminado.

Neste ciclo repetitivo, o cidadão possui um papel indispensável no descarte apropriado do resíduo eletrônico, mas como principal obstáculo, ele não encontra subsídios (pontos de coleta) para cumprir o seu direito social, obrigando-o muitas das vezes à descartar junto com o lixo comum. Ainda sim, é indispensável reivindicar junto aos órgãos competentes a exigência de condições mínimas para o descarte adequado!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
MUTIRÃO DO LIXO ELETRÔNICO. Secretaria do Meio Ambiente. Governo do Estado de São Paulo. 2008. Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/mutiraodolixoeletronico/perigos.htm
PROJETO: LIXO ELETRÔNICO: Conscientizar, reaproveitar e reciclar. Centro de Educação Superior do Alto Vale do Itajaí – CEAVI. Disponível em http://nti.ceavi.udesc.br/e-lixo/index.php?makepage=projeto Acesso em             01 Nov 2014.
EcoD Básico: Lixo Eletrônico. Disponível em http://www.ecodesenvolvimento.org/noticias/ecod-basico-lixo-eletronico Acesso 01 Nov 2014

Cidade chinesa de Guiyu recicla lixo eletrônico do mundo todo. Disponivel em http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/10/cidade-chinesa-de-guiyu-recicla-lixo-eletronico-do-mundo-todo.html Acesso 01 Nov 2014.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Lixo Hospitalar: Incineração, poluição ou efetividade?

Seringas contaminadas por sangue, gases utilizadas em curativos, restos de tecidos/órgãos, fluidos orgânicos, sondas, medicamentos vencidos, lençóis, sobras de alimentos, papeis sanitários e fraldas, copos descartáveis, ampolas, bisturis, bolsas de coleta, insumos radioativos, hemoderivados e culturas laboratoriais são alguns dos materiais encontrados no LIXO HOSPITALAR. Mas como descartar estes compostos, se os mesmos podem causar grandes prejuízos ao meio ambiente e ao ser humano??? 
Seguir a legislação vigente é um bom começo para o caminho certo. A ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, aprovou em 07 de dezembro de 2004 a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 306, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, considerando os princípios da biossegurança de empregar medidas técnicas, administrativas e normativas para prevenir acidentes, preservando a saúde pública e o meio ambiente.
Tal resolução classifica os resíduos em 05 grandes grupos nomeados de A a E:
Grupo A (potencialmente infectantes): todos os resíduos que tenham presença de agentes biológicos que apresentam risco de infecção, como bolsas de sangue, vísceras, fluidos orgânicos com suspeita de contaminação com proteína priônica. Subdividem-se de A1 a A7.
A1 - Culturas e estoques de agentes infecciosos de laboratórios industriais e de pesquisa; resíduos de fabricação de produtos biológicos;
A2 - Bolsas contendo sangue ou hemocomponentes vencidas, contaminadas, com volume superior a 50 ml; kits de aférese;
A3 - Peças anatômicas e produto de fecundação com peso menor que 500g ou estatura menor que 25 cm;
A4 - Carcaças, peças anatômicas e vísceras de animais de estabelecimentos de tratamento de saúde animal, de universidades, de centros de experimentação;
A5 - Resíduos provenientes de pacientes suspeitos de ou que contenham agentes de risco classe IV ou relevância epidemiológica ou risco de disseminação;
A6 - Kits de linhas arteriais e venosas e dialisadores descartados e filtros de ar e gases oriundos de áreas críticas;
A7 - órgãos, tecidos e fluidos orgânicos com suspeita de contaminação com proteína priônica e resíduos sólidos resultantes da atenção à saúde de indivíduos com suspeita de contaminação com proteína priônica;
Grupo B (químicos): resíduos que contenham substâncias químicas capazes de causar risco à saúde e/ou ao meio ambiente, independente de suas características inflamáveis, reativas, tóxicas e corrosivas. Por exemplo: medicamentos para tratamento de câncer, reagentes para laboratório e substâncias para revelação de filmes de Raio-X;
Grupo C (rejeitos radioativos): resíduos que apresentem radioatividade acima dos padrões e não possam ser reaproveitáves, como exames de medicina nuclear.
Grupo D (resíduos comuns): resíduos não contaminados ou que não acarretem risco de acidentes, como alimentos, copos descartáveis, papel.
Grupo E (Perfurocortantes): resíduos que possam cortar ou perfurar, como bisturis, agulhas, ampolas.
É importante salientar, que determinados resíduos apresentam mais de uma característica enquadrando-se em diversos grupos, mas sua característica mais prevalente irá proporcionar a classificação mais adequada.
De acordo com a sua classificação, a resolução prevê a sua destinação:
Grupo A
Tratamento específico para transformar em resíduo comum, de acordo com a classificação A1 a A7.
A1
Tratamento prévio na unidade geradora
A2
Acondicionamento em saco branco leitoso e aterro sanitário
A3
Enterramento ou saco branco leitoso e aterro sanitário
A4
Enterramento ou saco branco leitosoe aterro sanitário
A5
Autoclavação na unidade geradora e incineração. Manuseio com EPI para classe Risco IV
A6
Acondicionamento em saco branco leitoso,e disposição em aterro sanitário
A7
Incineração e acondicionamento em saco branco leitoso.
Grupo B
Devolver ao fabricante ou importador
Grupo C
Rregulamentação específica da Comissão Nacional de Energia Nuclear, cabendo ao hospital realizar o procedimento e a destinação final de acordo com essa especificação.
Grupo D
Acondicionamento em saco plástico preto e deposição em aterro sanitário.
Grupo E
Acondicionado no local de geração e recipientes rígidos, e deposição em aterro sanitário.

Um dos tratamentos para destinação final destes resíduos consiste na incineração, que apresenta seus pontos positivos e negativos, gerando muitas polêmicas acerca deste procedimento, mas os sistemas de tratamento térmico por incineração devem obedecer ao estabelecido na Resolução CONAMA nº. 316/2002.
A incineração é a queima dos compostos orgânicos a elevadas temperaturas entre 850º C a 1.200ºC, que resulta em cinzas, vapor d’água, gás carbônico (dióxido de carbono), e outras substâncias poluentes e tóxicas.
Um dos pontos positivos, é que após a queima o lixo reduz cerca de 70% do seu volume inicial. Outro fator representa uma forma segura de eliminar substâncias potencialmente perigosas, que vão desde medicamentos vencidos até material contaminado, pois a incineração desnatura proteínas e ácidos nucleicos de agentes patogênicos pelo calor.
O grande problema consiste nos poluentes emitidos pela queima, que produz dióxido de carbono, que é produzido em toda combustão completa de materiais orgânicos (relacionado ao efeito estufa, como dito na postagem anterior), dióxido de enxofre (SO2) e dióxido de nitrogênio (NO2), que contribuem para a formação de chuvas ácidas. Também são gerados os polímeros, tais como o PVC (policloreto de vinila) e os poliacrilatos, geram respectivamente HCl e HCN.
Sem dúvidas o maior poluente são as dioxinas, um grupo de compostos organoclorados que são bioacumulativos e tóxicos, resultantes da incineração do PVC, muito presente em artigos hospitalares. O mais perigoso é o 2,3,7,8-TCDD (2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina):

Figura 1. Estrutura da principal dioxina: TCDD
Outro fato bastante preocupante relaciona-se ao risco que os profissionais envolvidos no processo de incineração estão submetidos, sendo indispensável a uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), infraestrutura adequada aos processos e conhecimento técnico-científico para manuseio destes resíduos.
Apesar de todos os perigos envolvidos, a incineração de resíduos hospitalares, representa atualmente a forma mais adequada de minimizar riscos hospitalares, principalmente com o advento dos filtradores dos complexos poluentes, proporcionando uma transformação da poluição em energia ou algo mais útil e proveitoso.
Ainda sim, a grande barreira a ser vencida é bem maior que algo físico, é algo financeiro, pois a instalação e manutenção de incineradores demandam grandes recursos financeiros que muitas vezes nem a entidade pública nem a privada quem investir. Outro fator está relacionado à educação continuada, pois os profissionais de saúde em todos os níveis devem estar capacitados sobre a correta segregação dos resíduos sólidos.

Afinal de que adianta um destino adequado ao resíduo incorreto ??

"Promover saúde é desde um sorriso até jogar uma embalagem de bombom no lixo!"

VRANJAC, Alexandre. Resíduos em Serviços de Saúde – O que o controlador de infecção hospitalar precisa saber; Centro de Vigilância Epidemiológica. 2004 
Substâncias tóxicas formadas na incineração do lixo. Disponível em http://www.mundoeducacao.com/quimica/substancias-toxicas-formadas-na-incineracao-lixo.htm Acesso em 24 Out 2014.
Anvisa estabelece regras para descarte de lixo hospitalar. Disponível em http://www.hospitalar.com/arquivo_not/not1019.html Acesso em 24 Out 2014.

Descarte de resíduos e lixos hospitalares. Disponível em http://www.dinamicambiental.com.br/blog/lixo-hospitalar/descarte-de-residuos-e-lixos-hospitalares/ Acesso em 24 Out 2014